segunda-feira, 18 de julho de 2011

Jogos Regionais

Estas férias serão diferentes. Taquaritinga receberá milhares de atletas, das mais diversas modalidades esportivas, que se enfrentarão nas quadras, nas piscinas, nas pistas de corrida, nas mesas de tênis, nos tabuleiros de xadrez e dama, etc. Competidores de cidades vizinhas, de todas as faixas etárias, aqui estarão, alojados em dezenas de escolas municipais, estaduais e particulares. Uma festa, senhores, uma festa.
O esporte – filosofou alguém – aproxima os povos e cria laços de amizade entre as pessoas. Afinal, o espírito olímpico preconiza: o importante não é vencer, mas sim, participar. O que penso a respeito? Ora, isto tudo não passa de uma grande balela. Retórica, palavras ao vento, discurso vazio, oco de sentido e falto de significado. Uma mentira sem tamanho. O importante, senhores, é vencer, subir no primeiro lugar do pódio, colocar no pescoço a medalha de ouro. O atleta ao treinar como louco, sem descanso, sacrificando dias, semanas, meses e até anos de sua vida correndo, saltando, estudando aberturas e defesas em livros de xadrez, não deseja outra coisa senão derrotar seus adversários. Se possível de maneira arrasadora, inequívoca, quebrando recordes. Os torcedores, gritando, vaiando, agitando bandeiras, ofendendo com palavras de baixo calão a genitora dos juízes, querem saborear o gostinho da vitória uma, duas, incontáveis vezes. Quando seu time perde eles sentem-se humilhados pela simples demonstração de alegria da torcida rival. Os dirigentes das equipes que deram sangue, suor e lágrimas durante um longo e cansativo período, treinando esportistas amadores que, na maioria das vezes, frustravam suas expectativas mais otimistas, torrando infindáveis vezes sua paciência, nada mais anseiam senão por vitórias, vitórias e mais vitórias. Os prefeitos, alocando os escassos recursos municipais na compra de material esportivo, na construção de ginásios e quadras, no pagamento dos salários dos professores de educação física e treinadores forasteiros contratados a peso de ouro, nada mais esperam senão medalhas, medalhas e mais medalhas. Venhamos e convenhamos: o esporte mexe com o humor das multidões (leia-se eleitores em potencial) e o humor das multidões é extremamente vulnerável à propaganda fundada nas emoções provindas dos confrontos esportivos vitoriosos. (A propaganda, amigos leitores, não se esqueçam jamais, é a alma do negócio.)
Ora, se todos almejam a vitória e se sentem profundamente decepcionados com um infortunado segundo lugar, então por que fingem acreditar no falso aforismo de que “o importante não é vencer, mas sim participar”?
Taquaritinga ganhará vida com os Jogos Regionais. As crianças e os adolescentes, os jovens e os idosos acompanharão seu esporte favorito amontoados nas arquibancadas, trocando opiniões, rindo, brincando. O tédio do final das férias escolares, desta feita, desaparecerá como num passe de mágica. Os mocetões e mocetonas taquaritinguenses conhecerão mocetões e mocetonas de outras paragens. Cupido atirará flechas e mais flechas em todas as direções, ferindo com o veneno do amor e da paixão os corações juvenis. Os donos de bares, lanchonetes, os vendedores ambulantes de pipocas, sorvetes, etc, reforçarão os ganhos no final do mês. Que venham, portanto, os Jogos Regionais. Nós os receberemos de braços abertos.
PROF. GILBERTO TANNUS

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