segunda-feira, 23 de maio de 2011

Jogos fora de hora

Passa de R$ 700 mil a previsão dos gastos, somente com reformas de praças esportivas, que viabilizarão a 55.ª edição dos Jogos Regionais, marcada para julho. Certamente, serão consumidos muito mais recursos do que isso, levando-se em conta todos os imprevistos inerentes a um conjunto de obras civis. É um dinheiro que, decididamente, Taquaritinga não poderia gastar neste momento.
Quando a sociedade condena os investimentos vultosos que o governo federal terá de fazer para realizar a Copa do Mundo em 2014, criando elefantes brancos, é necessário refletir sobre a competição que há dois anos Taquaritinga se comprometeu a sediar. De lá para cá, nada foi feito para a manutenção das praças esportivas.
Agora, uma maquiagem está a caminho para mostrar aos visitantes uma cidade que, no dia-a-dia, não existe. Os moradores, que não puderam usufruir de uma boa e bem conservada estrutura esportiva ao longo dos anos, assistirão a um fenômeno que só os eventos de grande visibilidade são capazes de provocar: a multiplicação do dinheiro.
Graças ao milagre da transposição de verbas do orçamento, Taquaritinga virá surgir, ao custo de três casas populares, um campo de bocha nos padrões exigidos por alguma federação. Certamente, a pista será condenada ao esquecimento assim que terminarem as competições, a não ser que o município introduza a modalidade como disciplina obrigatória nas aulas de educação física da rede municipal.
Faz sentido a preocupação dos vereadores: e depois, haverá vigilância para evitar que em pouco tempo obras caríssimas sejam reduzidas a escombros? Manter complexos esportivos em bom estado seria ótimo, mas apresentá-los apenas como cartão-postal com prazo de validade pode ser um tiro pela culatra. Desde já, os Jogos Regionais desautorizam o prefeito Paulo Delgado (DEM) a invocar a falta de dinheiro público para justificar a pasmaceira da cidade, que em todos os seus quadrantes sente a falta dos braços da Prefeitura.
Sobretudo quem sofre diretamente com a ausência dos serviços públicos sabe que a competição é feita em hora errada. Também está convencido de que o esporte só ganha importância quando vem ao caso.
EDITORIAL

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