segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O monstro de Frankenstein

O clima da propaganda eleitoral na televisão esquentou bastante nessas últimas semanas. Também pudera, lenha para a fogueira não falta. A quebra do sigilo fiscal de candidatos do PSDB e de parentes de José Serra foi a gota d´água que transbordou do copo de paciência – já cheio até a borda – da galera tucana. Convenhamos, se filiados do PT são capazes de violarem a declaração de imposto de renda de qualquer brasileiro, sempre que lhes der na telha, então, senhores, eles são capazes de tudo. De tudo. Na prática isto significa que o direito do cidadão à privacidade de seus dados pessoais não existe mais. Em resumo e apelando para o popular: estamos no mato e sem cachorro.
Lamentável, triste mesmo, a biografia do PT. Nascido no berço do idealismo pequeno-burguês; envolto nas fraldas dos sonhos ingênuos de estudantes, jornalistas, eclesiásticos, etc; embalado nos braços da moralidade de uma classe média confiante no futuro ético do país – acabou se transformando nisso que ora vemos. A vida imita a arte: Victor Frankenstein queria criar o homem perfeito... Deu existência a um monstro. Verdade das verdades: o poder corrompe. Ele toma as almas gananciosas em suas mãos e as arrasta pela lama, arrojando-as no abismo infernal do coração das trevas.
Percebe, o amigo leitor, meu profundo desencanto com a política? Elementar, meu caro Watson! Ela sempre foi, é, e sempre será corrupta e desonesta. Até o final dos tempos. Nicolau Maquiavel e Thomas Hobbes estão certos: a natureza humana é essencialmente má e jamais deixará de sê-lo. A função precípua das leis é impedir que essa maldade se manifeste nas relações sociais. Todavia, quando elas nada valem e a impunidade grassa indiferente à ação da justiça, o que poderá deter os desmandos e a cobiça dos governantes corruptos e seus asseclas? O Chapolin Colorado? No Brasil, admitamos, as leis caíram em total descrédito. Dela o povo nada mais espera, pois a imagina unicamente ao lado dos espertos e dos poderosos. Políticos roubam milhões no esquema do “mensalão” petista? Pois que roubem, pensa o Zé Povinho. Vieira da Silva, assessor de um deputado petista, é preso levando na cueca 100.000 dólares e 200.000 reais? Pois que leve, pensa o Zé Povinho. O Ministro da Fazenda Antonio Palocci é acusado da quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo? Pois que o quebre, pensa o Zé Povinho. O Brasil virou a casa da mãe Joana.
É por essas e outras que anularei o voto. Contudo, não faço campanha em favor do voto nulo. Cada um faça do seu voto o que bem entender. Algumas pessoas, porém, acham que eu deveria escolher o candidato “menos pior”. Argumento besta este. O que é o “menos pior”: ser atropelado por um trem ou por uma motocicleta a cem quilômetros por hora? Por uma motocicleta? Pois bem. Então, um bom atropelamento...
GILBERTO TANNUS

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