segunda-feira, 23 de agosto de 2010

INCÊNDIO EM CANAVIAL ENCHE A CIDADE DE SUJEIRA E FUMAÇA


NATALIA GALATI

Na tarde de segunda-feira (16), dia em que Taquaritinga completava 118 anos de emancipação, uma fumaça invadiu o céu da cidade, chamando a atenção dos moradores.
O incêndio começou por volta das 13h20 e destruiu mais de 400 hectares de cana-de-açúcar dos municípios de Santa Ernestina, Dobrada e Taquaritinga. Parte da área está arrendada para a Usina de Açúcar e Álcool Bonfim, pertencente ao grupo Cosan, em Guariba.
A vegetação seca e o forte vento contribuíram para que o fogo se espalhasse por uma grande extensão. A Polícia Ambiental de Jaboticabal destacou sua brigada para combater os seis focos, em locais diferentes.
“O que a gente percebe é que foi um incêndio criminoso e muito bem planejado, porque praticamente foram no mesmo horário”, disse o comandante, sargento Giovane Delalibera.
Ele afirmou à reportagem do NJ que o incêndio chegou até onde a Polícia Civil descobriu a plantação de maconha há dois meses.
A usina destacou funcionários e 30 caminhões de água para conter as chamas. Além disso, máquinas também foram usadas para cercar o fogo, que só foi contido às 2h da madrugada de terça-feira (17).
“Foram perdidas canas que não estavam prontas para queimar, as que já estavam prontas, as que já haviam queimado e partes das áreas de preservação ambiental”, contou o sargento.
Tudo o que foi relatado será en-viado à promotora Daniela Baldan Rein, responsável pelo setor de Meio Ambiente do Ministério Público de Taquaritinga.
A promotora informou à reportagem do NJ que aguarda a remessa dos documentos pelos órgãos am- bientais competentes para as providências cabíveis.
De acordo com o comandante Delalibera, em dois meses a Polícia Ambiental de Jaboticabal aplicou 15 autos de infração em Taquaritinga, que atingem um valor de R$ 300 mil em multas. “Esses autos foram de horá-rios proibidos da queima da palha da cana e da responsabilidade de áreas de preservação permanente”, explicou.
Delalibera disse que as queimadas em talhões de cana-de-açúcar são permitidas desde que haja uma comunicação à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e só podem ser realizadas das 20h às 6h. “É preciso frisar que as investigações têm sido feitas com mais intensidade onde os incêndios vêm ocorrendo com mais frequência.”
Na quarta-feira (18), o local voltou a arder em chamas. O Corpo de Bombeiros teve de se deslocar até lá para controlar o foco.
Em nota, a Cosan comunica que avalia os prejuízos. Segundo a Cetesb, a empresa pode ser autuada se vender a cana queimada.
Quem souber de informações de pessoas que estão ateando fogo em canaviais fora do horário permitido ou danificando à mata, pode ligar para a Polícia Ambiental de Jaboticabal – (16) 3202-2122 – ou acionar o poli-ciamento pelo telefone 190.

Problema no coração
Um morador do Jardim Santo Antonio, de 61 anos, registrou um Boletim de Ocorrência por ter passado mal na segunda-feira (16) em que a cidade ficou encoberta de fumaça da queima da plantação de cana-de-açúcar. Ele possui quatro pontes de safena e uma mamária. “Eu estava trabalhando durante o dia e, quando voltei para a casa, comecei a me sentir mal dentro do carro, porque era só fumaça, não tinha onde ficar”, alegou.
Levando em conta que os incêndios não são provocados pelos donos das plantações, crimes contra a saúde da população não vão parar de ocorrer depois que as queimadas da palha da cana forem proibidas completamente, talvez em 2014, como prevê a lei. Mas que vão diminuir, disso ninguém tem dúvida. Com a colheita mecanizada, não é necessário queimar a cana.

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