segunda-feira, 5 de julho de 2010

O adeus ao ‘tijolão’ abriu caminho para a era da tecnologia

Incrível como os conceitos mudam. Há 15 anos, quem saía pela rua falando ao celular protagonizava uma escandalosa cena de exibicionismo. Deixá-lo sobre a mesa do restaurante, então, era um atentado à humildade. Ter um aparelho não era crime, mas mostrar que tinha era coisa de pedantes. Hoje, empunhar um telefone móvel não é status, já que ele interliga do executivo de multinacional ao operário da construção.
Em Taquaritinga, o serviço entrou em operação oficialmente no dia 19 de maio de 1995, em cerimônia na Câmara Municipal, que contou com a presença do engenheiro Cléber Faria Gonçalves, da agência da Telesp Celular em Araraquara, empresa que mais tarde passaria a se chamar Vivo.
Para marcar a inauguração, o prefeito da época, Tato Nunes, telefonou para o então deputado estadual (hoje federal) Dimas Ramalho. O jornalista Daércio Neto emprestou o celular do empresário Marcos Ruy Marona (Bonilla), um dos primeiros habilitados na cidade, para pôr a conversa no ar pela Canal Um FM.
A primeira habilitação saiu para o empresário Carlos Pastore Neto, o Gu, que era sócio da Micro & Mídia Informática, uma das duas lojas credenciadas a intermediar o serviço na época. A outra era a Prudente Center, do ex-presidente da Associação Comercial Joadir Jocobino.
Ser dono de um celular exigia paciência. O interessado fazia inscrição, esperava chegar uma carta da Telesp e, com ela em mãos, ia a loja e saía falando. Na inauguração, Cléber autorizara 350 celulares urbanos e 50 rurais. Quem tinha mais dinheiro, habilitava um aparelho Startac, que custava R$ 1,5 mil. A outra opção era o “tijolão”, maior e mais pesado, ao preço de R$ 400.
Tanto quem fazia quanto aquele que recebia pagava pela ligação. Isso acabou logo. Com a privatização do setor, no governo Fernando Henrique, novas companhias surgiram e uma infinidade de planos de habilitação e modelos de aparelhos foram lançados. O pré-pago impulsionou a popularização.
Hoje, ninguém mais se contenta em apenas falar ao celular. Ele precisa ter câmera, internet, GPS, obedecer a comandos de voz... Aos que desejam conhecer um “tijolão”, basta dar um pulo no Museu Municipal e procurar pela sala de cacarecos eletrônicos.
NILTON MORSELLI
Publicado no Nosso Jornal em 3 de julho de 2010

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