segunda-feira, 21 de junho de 2010

NOSSA MEMÓRIA URBANA

De olho na História, Marco Aurélio Valentin registra as mudanças arquitetônicas da cidade

NATALIA GALATI

A paisagem das cidades vai mudando com o tempo sem que a maioria das pessoas note as transformações. Graças à fotografia, é possível capturar a história da arquitetura urbana. Há cinco anos, o artista plástico Marco Aurélio Valentin decidiu que já era hora de dar sua contribuição para preservar a memória de Taquaritinga. Ele começou a perceber, nos lugares que passava, as boas lembranças que poderiam ser guardadas.
“Quando eu vejo um lugar que está sendo desmanchado, ou que estão mexendo no telhado, eu registro, porque sei que ali vai mudar de cara”, afirmou. É dessa forma que hoje ele tem mais de 50 fotos registradas em formato digital. “Para mim é um grande desafio, porque eu tenho que estar sempre antenado e ao mesmo tempo observar os lugares por onde passo.”
A câmera é parceira inseparável. Está sempre dentro da bolsa, pronta para enquadrar momentos que não permitirão outras oportunidades. Prédios históricos colocados abaixo – ou que estavam prestes a ser modificados – integram seu acervo de imagens. Como trabalha em Jaboticabal, ele também procura fazer o mesmo por lá.
O olhar sempre atento em seu foco de interesse levou Marco Aurélio a fotografar imóveis que foram demolidos, restaurados ou que tiveram alterações pequenas ou radicais em suas estruturas originais. O que mais lhe chama a atenção é o que fica localizado na esquina da Rua Prudente de Morais com a Praça Dr. Waldemar D’Ambrósio. “Acho o imóvel demais, um dos prédios mais antigos da cidade. A estrutura prevalece. A família Barreto morou nele antigamente”, contou.
Outro prédio histórico que faz parte de seu vasto acervo de fotos é o que abrigou por décadas o Foto Studio Alexandre (hoje, a Ótica Vip). Quem não sem lembra do posto do saudoso Carlinhos Pastore, onde a Marechal Deodoro acelera o passo para cruzar a Rua Prudente de Morais? Um tapume esconde, mas tudo foi colocado abaixo.
Outra lembrança que foi registrada pelo fotógrafo é a do cruzamento das Rua Prudente de Morais e Rua General Osório. O prédio só, com o pavimento inferior foi uma garagem de carro, a Tavel veículos, que pertencia a Ermildo Tiosso, depois a Z Veículos e mais tarde a Farmácia Biofarma. Tempos depois, o imóvel foi destruído e, há três anos, abriga o Sacolão do Real Mega Store, loja de variedades. Na parte superior, o local dispõe de salas comerciais para alugar.
Outro clique lembra que a Organização Contábil Kamada era na Rui Barbosa, no centro da cidade. Lá, hoje pode ser vista uma loja de griffe, a Fiorence. A 200 metros dalí, a antiga sede da Sociedade São Vicente de Paulo foi demolida há pouco tempo.
Para deixar tudo registrado – e com acesso à população –, o fotógrafo pretende lançar, mais para a frente, um livro com imagens e descrições das mudanças impostas pelo progresso. Para ele, seria uma obra importante tanto para quem vive aqui como para os que deixaram a cidade, mas ainda guardam boas recordações. “Então, com a vinda do livro, eu quero contar uma história com fatos marcantes e curiosidades dos retratos da cidade.”

Mãos – Além das fotos de pré-dios antigos, Marco Aurélio desenvolve há três anos um trabalho temático. “Comecei a perceber que as pessoas têm mãos diferentes. As vezes é a unha, a cor, a postura. Foi assim que resolvi buscar detalhes dessa parte do corpo”, explicou. Ele vai escolher algumas, entre as mais de cem fotos para fazer uma exposição. Mãos à obra.
Publicado no Nosso Jornal em 19 de junho de 2010

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