segunda-feira, 30 de abril de 2012

Dilma, juros, custo Brasil... Ufa!

A indústria brasileira está mal das pernas. Os produtos importados (e contrabandeados), de melhor qualidade e mais baratos, tornaram-se adversários de peso no ringue do consumo nacional. A continuar nesse ritmo os empresários tupiniquins serão nocauteados no primeiro round. Analistas e consultores econômicos chegam até a levantar hipóteses sobre um lento e quase imperceptível processo de desindustrialização, causado pelo efeito altamente nocivo da valorização do real diante do dólar. É essa a principal preocupação da equipe econômica do governo Dilma. A incômoda pulga atrás da orelha. Afinal, a última coisa que a presidenta quer é o aumento da taxa de desemprego. Por isso, em sua visita aos Estados Unidos, ela criticou reiteradas vezes o plano de Barack Obama de salvar a economia norte-americana direcionando ao mercado financeiro dos países emergentes uma verdadeira enxurrada de dólares. Dilma deseja manter – e se possível aquecer – o consumo interno. Se pudesse pediria de joelhos, em cadeia nacional e em todos os meios de comunicação, ao povo brasileiro que compre, compre e compre. Cada vez mais. Se há consumo, há produção; se há produção, há empregos; se há empregos, há renda; se há renda, há consumo. E se há consumo... Um círculo vicioso que deixa patrões e empregados felizes e, por consequência, aumenta significativamente a popularidade do governo. Não é à toa que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal reduziram as taxas de juros, forçando as instituições financeiras privadas a seguirem o mesmo caminho. Se o “Zé Mané” puder fazer empréstimos cujas parcelas de pagamento caibam dentro de sua renda mensal, com toda certeza comprará um carro ou uma moto, uma TV de quarenta polegadas, móveis novos, etc. Os banqueiros, que lucram bilhões de reais anualmente, parecem não ter gostado muito dessa drástica redução dos juros. Todavia, devem estar matutando: “Ora, vão-se os anéis, mas ficam os dedos”. Espertos como são, logo descobrirão outras maneiras de se recuperarem desse prejuízo momentâneo. Outro fator que estaria por trás do processo de desindustrialização (e é repetidamente apontado como o vilão da história pelos economistas) é o elevadíssimo “custo Brasil”. Um dos mais altos do mundo. Temos a maior carga tributária entre os países emergentes (38% do PIB). Pagamos impostos e taxas sobre impostos e taxas. Federais, estaduais e municipais. Pagamo-los aos comprarmos remédios, alimentos e roupas; ao dirigirmos nossos veículos; ao consumirmos energia elétrica; ao comprarmos um imóvel, ao registrá-lo; ao reconhecermos firma de documentos pessoais, etc. Nossa indústria, ao exportar seus produtos e mercadorias é penalizada por tarifas abusivas, fazendo-a perder competitividade no mercado internacional. Um exemplo bastante simples comprova como o “custo Brasil” pode ser comparado a uma arma apontada pelo próprio governo contra a cabeça da indústria nacional. A construção de uma plataforma submarina de exploração para a indústria do petróleo (pré-sal), custa no Brasil o dobro do que custaria na China ou na Coreia do Sul. É absurdo ou não é? PROF. GILBERTO TANNUS

Nenhum comentário:

Postar um comentário