No mês passado falei de uma história que aconteceu no bar do Pingo D’Água, lá no Bairro Farwest. Hoje volto a falar daquele estabelecimento, num caso que o leitor Gino Andreis me contou. Em 1958, mais ou menos, o pessoal frequentava muito aquele botequim para fazer uma fezinha no jogo do bicho, participar de uma trucada e falar de política e futebol. Um grupo de aposentados, já bem idosos, gostava de passar o tempo apostando em um jogo que existia naquele tempo.
Chamava-se Jogo do Mosquito e funcionava da seguinte maneira: cada apostador colocava sobre a mesa uma nota de um ou dois cruzeiros. O dono daquela em que o mosquito posava primeiro era o ganhador e levava todo o dinheiro. Augustinho era um senhor muito esperto, que todos os dias faturava no tal joguinho. Os outros apostadores não se conformavam e comentavam uns com os outros:
– Por que será que os insetos escolhem tanto as notas do Augustinho para pousar?
Até que um dia alguém descobriu e dedurou o espertinho para os demais. Sabe o que o danado do velhinho fazia? Preparava um tipo de melado com açúcar, passava nas notas e as levava ao sol para secar. Logicamente que as moscas iam adorar as cédulas do Augustinho.
Um belo dia, como se não soubessem de nada, todos estavam reunidos no Pingo D’Água para iniciar a jogatina e acertar as contas com o espertalhão. Foi só começar a rodada e a nota do Augustinho foi a premiada. Quando foi pegar o prêmio, aí que a coisa ficou feia: os outros vovôs se enfureceram, pegaram o espertinho de sopapos e o colocaram para fora do botequim. Os coroas continuaram a se divertir com o Jogo do Mosquito, mas o Augustinho sofreu um duro castigo. Nunca mais participou da brincadeira.
ÂNGELO BARTHOLOMEU, o Angelim, é cabeleireiro, e gosta de ouvir e contar “causos”
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