Um professor aposentado, amigo e leitor do Nosso Jornal, foi quem me trouxe a história que vou contar esta semana.
No final dos anos 40, morava em Taquaritinga um senhor muito pobre e pai de vários filhos. O homem trabalhava na lavoura para poder sustentar a criançada. Três ou quatro dos menininhos ficavam na estação ferroviária, que na época funcionava na Praça 1.º de Maio.
Quando as pessoas desciam do trem, os guris ajudavam a carregar suas malas e assim ganhavam uns trocadinhos para ajudar os seus pais. Os molequinhos eram de amargar: bem magros, estrábicos, feinhos de doer.
Certa vez, desembarcou ali um viajante. O cidadão pediu para um dos garotos levar sua mala até o Hotel Europa, que ficava bem em frente à estação. O homem ficou com pena do moleque e deu uma gorjeta quatro vezes maior do que o menino havia pedido.
O viajante falou ao porteiro do hotel:
– Confesso que, em toda minha vida, nunca vi ninguém tão feio assim.
O porteiro respondeu:
– A esse que é o mais ajeitadinho dos irmãos você deu uma nota de gorjeta. Se conhecer os outros, garanto que dará a eles todo o dinheiro de sua carteira.
O cidadão pegou suas malas e, subindo as escadarias do hotel, re- trucou:
– Eita cidadezinha de gente feia, sô. Deus que me defenda.
Angelo Bartholomeu, o Angelim, é cabeleireiro. Gosta de ouvir e contar “causos”
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