segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Um ano para ser bom

2011 não será fácil, mas tem tudo para ser um ano bom para o Brasil. A presidenta Dilma recebe um país melhor do que Lula recebeu: as contas públicas mais controladas, os investimentos mais sólidos e a miséria em queda.
Novos desafios se apresentam, notadamente no comércio internacional, cuja competitividade está mais acirrada com a disputa travada pelos gigantes EUA e China. Ambos usam suas moedas de forma especulativa; os primeiros incentivando a desvalorização do dólar e a segunda mantendo o yuan subvalorizado. O intuito é baratear seus produtos de exportação, em contradição aos preceitos do livre-mercado. Isso comprova que os EUA, a “Meca” do capitalismo liberal, não dão a mínima para dogmas que eles mesmos constroem quando se trata de defender seus interesses. Ou seja, li-vre-mercado é para os outros!
O Brasil tem como combater as especulações por contar com o mercado interno em expansão e com investimentos (públicos e privados) contundentes. O risco de inflação é preocupante – trata-se de uma “inflação de demanda”, fruto, principalmente, da inclusão da “nova classe C” à categoria de consumidores.
Haveremos de encontrar o equilíbrio entre o apoio à produção (para gerar empregos e aumentar a oferta de bens industriais) e a contenção da liquidez (para controlar o consumo). Essa equação é complicada. O aumento de emprego e renda é vital para aquecer a economia – no entanto, a famosa “lei da oferta e da procura” nos ensina que aquela (oferta) tem que acompanhar esta (procura), sob o risco de deflagrar um processo inflacionário.
O dólar “barato” facilita a importação, supre a falta de produtos e ajuda a segurar a inflação – mas pode enfraquecer a indústria nacional, dificultar a exportação e recair em desemprego e recessão. Acontece que o real desvalorizado (o dólar “caro”) dificulta a importação e incentiva a exportação, o que pode causar desabastecimento no mercado interno e também descambar em inflação.
A permanência de Guido Mantega no ministério da Fazenda e a troca de comando no Banco Central são bons indícios. O ex-presidente do BC, Henrique Meirelles, teve papel fundamental; o novo, Alexandre Tombini, igualmente capacitado, tem a vantagem de ser funcionário de carreira do banco – não levará para a Administração os “vícios” dos financistas. A taxa de juros (Selic) deverá, gradativamente, se tornar instrumento secundário no controle da inflação – a meta é baixar a 2% ou 3%, como no resto do mundo.
É boa notícia a ida de Mirian Belchior para o ministério do Planejamento, com a missão de gerir o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), principal ator do desenvolvimento econômico. Mirian era gestora do PAC quando o programa estava atrelado à Casa Civil – e assumiu a chefia do ministério no lugar de Dilma. Por isso, conhece como ninguém o ambicioso projeto e tem condição de impul-sioná-lo (PAC-2). Outra boa nova é Aloizio Mercadante na pasta da Ciência e Tecnologia, dominar a tecnologia é imprescindível para nos tornarmos potência mundial.
Dilma está a cumprir importantes “promessas de campanha”: montar um governo de coalizão (sobretudo com o PMDB) e aumentar a participação das mulheres. Poderá parafrasear Lula e dizer: “Nunca na história deste País tantas mulheres ocuparam tantos cargos de primeiro escalão”.
Lula sai com incríveis 87% de aprovação (95% no Nordeste, 90% no Norte/Centro-Oeste, 85% no Sudeste e 80% no Sul). Dilma assume com 76% das pessoas confiantes que fará um governo igual ou melhor que de seu antecessor.
Uma equipe revigorada – e o inédito toque feminino: é certo mantermos a esperança de dias ainda melhores. Feliz Ano-Novo a todos nós, brasileiros!
LUÍS JOSÉ BASSOLI

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