segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Dois pesos e duas medidas

Às duras penas, a lei que tenta selecionar os ocupantes de mandatos eletivos foi aplicada, afastando das eleições deste ano muitos políticos com ficha criminal. É certo que a maior parte deles manteve as campanhas e chegaram inclusive a receber uma montanha de votos, como é o caso do deputado federal Paulo Maluf (PP). O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conseguiu suspender a votação dos fichas sujas, que ainda buscam na Justiça uma tentativa de sobrevivência política.
Mas a festejada limpeza nos poderes legislativo e executivo já demonstra que não será tão completa quanto se esperava. Gente barrada por ter no currículo espancamentos ao Código Penal começa a ser recrutada para cargos de confiança. Nas 21.623 vagas criadas com o pomposo nome de direção e assessoramento superior (também responde pela alcunha “cabide de emprego”), o governo federal abre chances para seres humanos de todas as linhagens, inclusive os pertencentes a uma subespécie que se alimenta da corrupção.
Outros milhares estão espalhados no Congresso Nacional e nas Assembleias. O senador gaúcho Pedro Simon (PMDB) é autor de um projeto que exige ficha limpa a esses servidores que ingressam pela porta larga do apadrinhamento. Não seria pedir demais, uma vez que a regra vale há muito tempo para funcionários contratados por concurso público. Mas o próprio pai da ideia acredita que emplacar sua proprosta seria “um verdadeiro milagre”.
Assim como Pedro Simon, os brasileiros que sonham com um país melhor acham que pessoas condenadas por órgãos colegiados ou tenham tido prestação de contas públicas rejeitadas não deve-riam se tornar assessores de ne-nhuma esfera de poder, pelo menos até que possam quitar seus problemas judiciais.
EDITORIAL

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