segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Estagnação populacional

A divulgação de parte dos resultados do Censo 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) suscitou discussões e dúvidas entre integrantes da Câmara Municipal de Taquaritinga. A desconfiança manifestada por alguns vereadores se fundamentou no parco crescimento demográfico apresentado na década. O município ganhou, segundo os dados oficiais, 1.901 habitantes de 2000 para cá.
Pelo que apresenta ao longo da História, o IBGE dispensa defesa quanto à seriedade de seu trabalho. Mas é importante ressaltar que em cidades da região também se registraram baixos índices de crescimento populacional, decorrentes de fatores socioeconômicos evidentes até mesmo a leigos no assunto.
Mudanças em todos os estratos da população ocorrem desde que se fizeram sentir os efeitos do Plano Real, de 1994. Mais famílias ascenderam às camadas de maior consumo per capita, ao mesmo tempo em que elas passaram a ter um número menor de filhos. Isso não é nenhuma novidade, assim como o consequente envelhecimento da população, um fenômeno mundial.
Apesar da inclusão social, que elevou 92,8 milhões de pessoas a classe C – 49% da população –, certas regiões não acompanharam o momento de expansão. Taquaritinga, por exemplo, capitalizou apenas investimentos pontuais, sem apresentar um boom deste ou daquele setor. Se não tem a força de provocar um êxodo, o baixo desenvolvimento econômico também não atrai fluxos migratórios, o que ajuda a explicar a estagnação demográfica.
O fenômeno também se verifica na vizinhança. No mesmo pe-ríodo, Itápolis ganhou 2.302 moradores, de acordo com o IBGE. Jaboticabal, que registrou um dos maiores crescimentos industriais da região, teve um aumento de 4.214 pessoas, dentro da proporção que se esperava, uma vez que possui cerca de 20 mil habitantes a mais que Taquaritinga.
Certamente, o instituto deve considerar uma pequena margem de erro, mas no geral seus números são confiáveis. A expectativa que Taquaritinga chegue a 60 mil habitantes (número, aliás, utilizado em missões políticas fora de seus domínios) é comum às vésperas das contagens. Mas o resultado frustra quem imagina que o desenvolvimento ocorre por geração espontânea. Se nada for feito para acelerar esse processo, talvez daqui a 10 anos a classe política esteja procurando explicações para a população ter se reduzido a menos de 50 mil pessoas.
EDITORIAL DA SEMANA

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