segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Palmas, gritos e delírios

Nos anos 60, grandes shows eram realizados no altar da Pátria, em frente à Praça 9 de Julho, hoje denominada Dr. Horácio Ramalho.
Famosos cantores da época se apresentaram ali. Lembro-me de alguns: Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto, Roberto Luna, Sérgio Reis, entre outros.
Em uma tarde domingo de 1968, a atração era Altemar Dutra, uma das vozes mais bonitas e românticas daqueles anos. As músicas “Creio em ti” e “Sentimental demais” estouraram nas paradas de sucesso em todo o Brasil.
No quarteirão do Cine São Pedro não cabia mais ninguém. Na hora do show, nada do cantor. A multidão estava impaciente com o atraso.
Um conjunto amador aqui da cidade tocava samba e pagode até a chegada do grande intérprete. Maurício, o vocalista, cantava um samba de Martinho da Vila quando o público explodiu de alegria. Gritos, delírios, assovios. Ninguém parava de aplaudir.
O crioulo, entusiasmado, ensaiou uns passos e fez gestos com as mãos para agradecer. Quando olhou para o lado, notou que a euforia toda era para Altemar Dutra, que, apressado, subia a escada para começar o show.
O rapaz, meio sem jeito, foi saindo de fininho e desapareceu.
O inesquecível Altemar comandou o espetáculo. Cantando e encantando o grande público presente.
Mas a parte mais engraçada foi, sem dúvida, quando o Maurício pensou que os aplausos eram para ele.

Angelo Bartholomeu, o Angelim, é cabeleireiro e gosta de ouvir e contar causos

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