segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Ah! Minha casinha branca!

Caso ganhasse na loteria compraria uma chácara e nela construiria “uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela para ver o sol nascer”. (Lembram-se da música “Casinha branca”, de Gilson e Joran?). Ao redor levantaria muros altos, gigantescos. Muros? Não. Edificaria muralhas. Cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Muralhas inexpugnáveis, para manter distante de minha humilde pessoa todo e qualquer ser humano. Completamente isolado, encomendaria tudo pelo telefone: alimento, roupas e livros, milhares de livros, milhões de livros. Deitado numa rede, tomando café, leria, de manhã à noite, sem parar. Até o final de meus dias, amém. Longe, muito longe do bicho homem. Existe fera pior do que esse animal na natureza? Cruel, violento, egoísta, mesquinho, assassino, ladrão, etc. Se os amigos leitores me permitem um conselho, nunca confiem em um ser humano. Jamais virem as costas para um deles. Serão apunhalados quando menos esperarem. Viram o que aconteceu com Júlio César ao se fiar na palavra e na honra dos senadores romanos? Acabou perfurado por dezenas de punhais, entre eles o de Brutus.
Só Hitler matou seis milhões de judeus. Idosos, mulheres e homens, adolescentes, crianças, bebês de colo. Seis milhões de pessoas presas em campos de concentração. Famintas, magras, pele e osso, morrendo aos poucos de fome, sem um único pedaço de pão. Mães separadas de seus filhos. Onde estará o pequeno Abraão, de quatro anos, arrancado dos braços da mãe Sara, por um soldado nazista? Sara não dorme, quer saber onde está seu filho. Ele passa bem? Alguém o cobriu, para protegê-lo do frio que lacera essa noite triste, cortada pelos lamentos daqueles que choram a separação de seus entes queridos? Deram para Abraão segurar aquele velho pedaço de pano que, antes de dormir, costuma esfregar sobre o nariz? Sara, Abraão está morto, Sara. Mataram-no com um tiro na cabeça. Mas, você não aceita, não é Sara? Sara, você ficou louca? Louca de dor, Sara?
Mao Tsé-tung chacinou mais de quarenta milhões pessoas para implantar o socialismo na China. Joseph Stalin condenou à morte mais de trinta milhões de pessoas para instalar o socialismo na Rússia.
Mas, deixemos os grandes assassinos de lado. Falemos dos que conosco convivem, prontos para nos roubar, ferir ou matar sem pensar duas vezes. Por patologia ou por inveja esses criminosos nos odeiam. Simplesmente por sermos aquilo que eles nunca poderão ser: pais de família preocupados com os filhos, avós que amam e se dedicam de corpo e alma à educação de seus netos. Recordam-se do menino João Hélio, de seis anos de idade, preso pelo cinto de segurança e arrastado do lado de fora de um carro, por mais de sete quilômetros, por três bandidos?
Não, não se iludam, senhores. O ser humano é isso. Não lhe dêem as costas. Ah! Minha casinha branca!
GILBERTO TANNUS

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