Na década de 40, Taquaritinga e Catanduva tinham uma grande rivalidade no esporte. Quando se enfrentavam, a coisa era bastante complicada. Foi assim no dia 19 de agosto de 1945. Vieram de lá mais de 700 pessoas para prestigiar o time de futebol da Cidade Feitiço. Os torcedores chegavam de trem, desembarcavam na estação ferroviária, que ficava na Praça 1.º de Maio.
Em grande número, subiam para o centro da cidade fazendo a maior algazarra: mexiam com as mulheres, soltavam rojões contra as residências e outras coisas mais.
Estádio lotado. Às 15h30, o árbitro da Federação Paulista de Futebol, Vitor Caratu, deu início ao espetáculo. Jogo disputadíssimo, e o primeiro tempo terminara empatado em 1 a 1.
Aos 27 minutos do segundo tempo, o CAT perdia por 2 a 1. Aí o bicho pegou de verdade. Uma pancadaria generalizada tomou conta do estádio, e o juiz encerrou a partida.
Os torcedores cateanos arrancavam as ripas que ladeavam o gramado e atacavam sem dó os briguentos visitantes. Correria, muita gente machucada, várias prisões, até que a polícia conseguiu dominar a situação.
Diversos jovens taquaritinguenses, ainda muito exaltados, saíram pela cidade armados com aquelas ripas.
Quando chegaram próximo ao Grande Hotel, viram uma pessoa em pé na esquina. Cercaram o rapaz. Um deles perguntou:
– De onde você é?
– Cá-cá-cá...
Desceram a ripa no coitado, que continuava:
– Cá-cá-cá... Até que enfim, o gago soltou as voz e deu um enorme grito:
– Catiguáááááá.
Um morador ali do local saiu para defendê-lo, explicou aos agressores que o moço estava a passeio na cidade, residia realmente em Catiguá e nada tinha a ver com aquela pancadaria toda no estádio municipal. Quem se lembra muito bem dessa história é o sr. Zezé Martins, filho do saudoso Paco Martins, que morava a alguns metros de onde o fato aconteceu.
ÂNGELO BARTHOLOMEU é cabeleireiro e gosta de ouvir e contar “causos” sobre Taquaritinga
Publicado no Nosso Jornal, no dia 17 de abril de 2010. Série "Aconteceu na Cidade"
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