Os pintores Chico Gabozzo e Beto Ordine têm obras
espalhadas por toda a região e até no exterior
Determinados dons são inatos. Algumas pessoas conseguem fazer com que esse dom se desenvolva. Embora com todas essas habilidades, para complementar a renda eles fazem um trabalho não como artistas, mas como pintores de paredes.
O artista plástico Chico Gabozzo, de 36 anos, começou sua carreira bem cedo, ainda na infância. Ele nasceu em Dobrada, mas reside em Taquaritinga há 10 anos. Suas obras – contemporâneas para muitos críticos de arte – são reconhecidas em muitas cidades. Um artista realmente completo, inteligente, que já conquistou prêmios e participou de várias exposições em salões de artes, mostras e premiações. Ele foi finalista no Mapa Cultural Paulista com a tela de arte contemporânea “Um deserto para Dante Alighieri”.
Tudo começou com a paixão pelo rock’n roll. Gabozzo, na década de 1980, começou a pintar camisetas relacionadas ao rock. “Eu aprendi tudo sozinho. Desde criança eu sempre gostei de desenhar e pintar, e as pessoas pediam para eu desenhar nas camisetas”, contou ele à reportagem do Nosso Jornal. E, com o tempo, foi comprando telas e adquirindo mais experiência.
Com seu vasto currículo, hoje, o autodidata é arte-educador na Casa de Cultura de Matão, trabalha em projetos sociais com crianças carentes, ministra oficinas de artes nos Sescs, além de ser um micro-empresário de prestação de serviços. Ele tem obras espalhadas pelo mundo afora: Amsterdã, Suécia, além das peças constantes de acervos de colecionadores.
A famosa festa de Corpus Christi do município de Matão, que acontece na próxima quinta-feira (3), tem um toque especial do artista plástico Chico Gabozzo. Desde 1998, ele ajuda na decoração dos quadros de areia na rua. Para o pintor, a arte é a esperança do mundo. “Ela alimenta sonhos e constrói artes paralelas.”
Juntamente com Elio Floriano, ele organizou uma exposição há dez anos sobre a história do rock em Matão. Pintados a quatro mãos durante um mês, os 25 quadros retrataram os grandes ícones do blues e do rock, como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Frank Zappa, BB King, Little Richard, Bill Haley, Led Zeppelin, Rush, The Beatles, Mutantes, Cazuza e Raul Seixas. Capas históricas de discos do gênero também foram retratadas.
Uma história interessante que merece ser lembrada. Gabozzo pintou um painel durante uma festa, em Araraquara, dedicada a um dos maiores guitarristas do rock, Jimi Hendrix. A foto tirada do painel virou cartão-postal. Um músico da cidade o enviou ao pai de Hendrix, que entrou em contato com Gabozzo querendo o painel. Para sua alegria, a pintura foi enviada para Seattle (EUA). “Para mim, foi uma grande satisfação o painel ter chegado às mãos do pai do Jimi Hendrix”, disse Gabozzo, que é casado com Carla e pai de Raul, que também adora pintar. Em mais alguns dias chegará Bianca para integrar a família.
Outra técnica que faz parte de seu trabalho é a xilografite, que é a junção de duas formas muito marcantes de expressões artísticas e culturais que são a xilogravura e o grafite. Essa intervenção propõe uma vivência abordando diretamente a Literatura de Cordel narrada através de painéis decorativos confeccionados com elementos gráficos que estimulam a capacidade de imaginação. Gabozzo vai ministrar a oficina amanhã (30) no Sesc de Catanduva.
"Meu trabalho é um prazer", diz Beto Ordine
Talento para o aerografista Beto Ordine não falta. Com apenas 9 anos de idade, trabalhava preenchendo com tinta os letreiros pintados pelo pai. “Sou autodidata”, contou ele, orgulhoso da profissão.
Durante 10 anos às voltas com trabalhos de grafite, Ordine conheceu a aerografia e se apaixonou. “É a arte do aero no ar e grafia com o jato de tinta. Com a caneta consigo fazer jogos de luz, sombra e ainda a possibilidade de chegar mais perto do trabalho perfeito”, explicou.
A aerografia é uma técnica de pintura onde se utiliza uma pequena pistola ligada a um compressor de ar para produzir jatos de tinta. Pode ser aplicada a qualquer material, sendo considerada a arte das infinitas possibilidades.
Há 8 anos, o aerografista abandonou o uso de pincéis em seus trabalhos. “Para fazer esses desenhos admiráveis tem que ser talentoso e, o principal, ter o dom. É a minha vida, eu amo”, ressaltou Ordine, que é casado com Patrícia e pai de Stephani, de 11 anos.
O artista resolveu entrar de cabeça na técnica. Pinta em parede, tecido, tela, capacete, carro, moto, ônibus, caminhão, escapamento, entre outras coisas. Tem obras espalhadas por Itápolis, Bebedouro, São José do Rio Preto, entre outras cidades.
Atualmente, aos 33 anos, ele tem um objetivo: fazer um curso de aerografia com um dos maiores especialistas de São Paulo, Rogério Plaça. “Como eu nunca fiz nenhum tipo de curso, quero aprimorar a minha técnica”, disse Ordine, que completa: “Amo a arte. Depois que eu conheci o aerógrafo, percebi que ele abre a possibilidade de sair tudo perfeito. Meu trabalho é um prazer. Primeiro, pinto por que gosto, depois pela necessidade de sobrevivência”.
NATALIA GALATI
Publicado no Nosso Jornal em 29 de maio de 2010
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