quarta-feira, 19 de maio de 2010

A criação que não aconteceu

Vamos amenizar. Meu pai, jovem ainda, quando se casou, foi morar na casa da sogra dele, minha avó italiana, Amábile Zamarioli Menon. Ambos se davam muito bem. Certa feita, o “Negão”, cheio de planos, humilde funcionário da prefeitura, chegou em casa e anunciou, num rompante: “Eu e meu amigo Gabriel Pagliuso vamos criar cabritos. Vamos ganhar dinheiro no próximo Natal, e já estudamos como se faz. A cerca precisa ter mais de 6 fios de arames, e a comida, já sabemos como alimentar os animais, que comem de tudo”.
A velha italiana respondeu ao genro: “Não vai adiantar nada. Cabrito morre tudo de dirreia e batederra”. Meu pai respondeu: “Mas, dona Amábile, não vai sobrar nenhum cabrito?” Respondeu minha avó, que era viúva de administrador de fazenda grande e entendia do assunto; “Los que sobram, l’altri (os outros) los robam”. Neste momento, acabou a criação de caprinos. Taquaritinga pode ter perdido um criador de cabritos, mas ganhou um ótimo advogado e um excelente prefeito (por 4 vezes) para a população menos favorecida. Pena que eu não tenha o jeito engraçado de contar essa história como meu pai o fazia.
FLANS
Publicado no NJ, em 15 de maio de 2010

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