Vamos amenizar. Meu pai, jovem ainda, quando se casou, foi morar na casa da sogra dele, minha avó italiana, Amábile Zamarioli Menon. Ambos se davam muito bem. Certa feita, o “Negão”, cheio de planos, humilde funcionário da prefeitura, chegou em casa e anunciou, num rompante: “Eu e meu amigo Gabriel Pagliuso vamos criar cabritos. Vamos ganhar dinheiro no próximo Natal, e já estudamos como se faz. A cerca precisa ter mais de 6 fios de arames, e a comida, já sabemos como alimentar os animais, que comem de tudo”.
A velha italiana respondeu ao genro: “Não vai adiantar nada. Cabrito morre tudo de dirreia e batederra”. Meu pai respondeu: “Mas, dona Amábile, não vai sobrar nenhum cabrito?” Respondeu minha avó, que era viúva de administrador de fazenda grande e entendia do assunto; “Los que sobram, l’altri (os outros) los robam”. Neste momento, acabou a criação de caprinos. Taquaritinga pode ter perdido um criador de cabritos, mas ganhou um ótimo advogado e um excelente prefeito (por 4 vezes) para a população menos favorecida. Pena que eu não tenha o jeito engraçado de contar essa história como meu pai o fazia.
FLANS
Publicado no NJ, em 15 de maio de 2010
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