Angelo Bartholomeu
Lembro-me com saudade dos trens da Estrada de Ferro Araraquarense (EFA), no comecinho dos anos 1960.
Nesta época, junto com meus irmãos, íamos visitar meu avô paterno, um italiano de baixa estatura, que morava um Uchoa, pequena cidade situada na região de São José do Rio Preto. Eram cinco horas de alegria e descontração até o trem chegar ao destino.
Exalava pelos vagões um cheiro delicioso de maçãs e outras frutas que ali eram comercializadas. A locomotiva apitava a todo instante, serpen- teando pelas curvas da estrada.
Os campos, verdes e floridos onde os animais pastavam tranquilamente à encosta das serras, deixavam o passeio ainda mais agradável.
Um crioulo alto, uniformizado e de voz meio rouca, empurrando um enorme carrinho, gritava pelos corredores: sanduíches, doces, biscoitos e guaraná Antarctica.
A viagem continuava e o trem ia fazendo suas pequenas paradas, de cidade em cidade. De repente, o guardinha vinha alertando:
– Uchoa, Uchoa, Uchoa!
Para eu e os meus irmãos, a viagem terminava ali. Finalmente, desembarcávamos naquela pequena e velha estação.
Depois de uma semana, repetíamos tudo outra vez, em nossa viagem de volta, até o guarda anunciar novamente:
– Taquaritinga, Taquaritinga, Taquaritinga!
É lamentável que esse tipo de transporte deixou de existir. Para quem viveu aquele período só restou a saudade dos tempos em que éramos felizes: viajando com os trens da Estrada de Ferro Araraquarense.
Angelo Bartholomeu, o Angelim, é cabeleireiro. Gosta de ouvir e contar “causos”
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