segunda-feira, 20 de junho de 2011

Bonzinhos versus mauzinhos

Hoje redigirei uma coluna mais light. Não, não se preocupem. Deixarei de lado carameladas descrições poéticas da tela azul do céu riscada pelas linhas negras das asas errantes dos pássaros de ligeiros voos. Afinal, admitamos, não há mais espaço – no empobrecido universo cultural pátrio – para a poesia. A bem da verdade, nunca houve.
Não aborrecerei meus amigos leitores com frias análises referentes ao quadro sempre idêntico (PT, corrupção, PT corrupção, PT corrupção) da política nacional. Mas para não dizer que não falei das flores, fica aqui uma única pergunta que está martelando a cabeça de todos os cidadãos conscientes: se o ministro Palocci não tinha nada a esconder, então por que não apresentou provas de sua inocência e permaneceu no cargo de Chefe da Casa Civil? Saiu por quê? Por que saiu?
De manhã ministrei aula em um terceiro ano do ensino médio. A matéria: Ditadura Militar, de 64 a 84. Os chamados anos de chumbo. A mesmíssima patacoada maquiavélica doutrinadora, repetida mil vezes: os comunistas bonzinhos, os militares mauzinhos. Paul Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler na Alemanha Nazista, afirmou que “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Nos livros didáticos de toda e qualquer editora privada que os vende ao governo federal e estadual para distribuição gratuita entre os estudantes lemos: os comunistas foram os bonzinhos, os militares os mauzinhos. Nas páginas das apostilas de todos os Cursos que atendem os estabelecimentos particulares de ensino em todo o território nacional, lemos: os comunistas foram os bonzinhos, os militares os mauzinhos. Em todos os filmes brasileiros que tratam do tema – patrocinados com verba federal – assistimos a cenas e mais cenas nas quais são-nos apresentados roteiros com viés semelhante: os comunistas foram os bonzinhos, os militares os mauzinhos. Repete-se mil vezes uma mentira e ela se transforma em verdade. Goebbels tinha razão. O outro lado da história: se as forças armadas não tivessem tomado o poder em 64 a bagunça, a baderna, a anarquia, as greves, a fraqueza visceral do governo Jango teria permitido aos comunistas – apoiados por Cuba, financiada pelos rublos soviéticos – a implantação de um regime coletivista. Quinhentas mil pessoas saíram às ruas, em passeata, pedindo aos militares que pusessem ordem no caos. Comunismo na terra do carnaval, acreditam numa coisa dessas? Os guerrilheiros de araque sanfona José Dirceu, José Genuíno, Dilma Rousseff e tutti quanti entrando vitoriosos em Havana, quer dizer, em Brasília... Quá-quá-quá. A esquerda dos anos sessenta, no Brasil, apanhou, e apanhou feio do exército brasileiro. Guerrilha de Mao Tse-Tung, na China, deu certo; guerrilha de Fidel Castro em Cuba, deu certo; guerrilha de José Dirceu, José Genuíno e Dilma Rousseff no Brasil, deu com os burros na água e a vaca atolada no brejo. Aplausos às forças armadas brasileiras. Goleada, dez a zero.
Aos boçais e mentirosos que me acusam de defender a tortura, a censura, etc., impostos nos anos seguintes ao golpe militar de 64 respondo-lhes que nunca, jamais, em tempo algum as defendi. Sou liberal. Gosto de viver em uma democracia, onde posso escrever o que penso, livremente, sem perseguições de nenhum tipo. Coerência política, ética e moral faltam a vocês, que têm a desfaçatez de defender a ditadura de meio século de Fidel Castro, em Cuba, onde há tortura, censura, etc.
PROF. GILBERTO TANNUS

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