“A sua piscina está cheia de ratos/suas ideias não correspondem aos fatos” – cantou Cazuza em “O Tempo não para”. Não para mesmo. Aqui tem muita gente fora de moda, que não absorveu as mudanças destes novos tempos. Continuam vivendo na antiga província de Taquaritinga, amparados nos valores de ontem. Não aprenderam a conviver com as diferenças. Estão alimentando bichos criados em tempos retrasados.
O tempo não para. Novos tempos, novos valores. Há uma nova arquitetura de vida. O que as pessoas pensam ou vestem é o estilo do século 21. Um novo modo de vida. Nova concepção de felicidade. É bom lembrar que agora as pessoas se conhecem pela internet. Benefícios pessoais e privilégios econômicos decorrentes de cartas marcadas com nome das famílias com avós na história deixaram de existir. Enfim, há uma nova face humana.
O tempo não para. A mutação, o sentido de movimento. É de ver, a mais, que a alteração de costumes, a liberação da mulher, o avanço da tecnologia das informações sobre relacionamento e sexualidade, desafiando mitos onde os antigos se escondiam, alterou o debate e a imagem da família. As mulheres que, no curso do século 20, anteciparam um movimento de busca pelo poder que culminaria com Dilma Roussef e Marina Silva ganhando de 2 a 1 dos homens (José Será), na cabeça das chapas dos partidos que disputaram as eleições em 2010.
O tempo não para. Passado, presente e futuro. As relações de trabalho ganharam novo contorno institucional, decorrência da conquista das liberdades públicas. Historicamente o capitalismo recorreu ao sistema penal para duas operações essenciais: garantir a mão-de-obra e impedir a cessação do trabalho. Com a Revolução Industrial criou-se o delito de “vadiagem”, ainda em vigor em nossa Lei de Contravenções Penais. E para impedir a cessação do trabalho criou-se o delito de “greve”. Daí a prisão para impor essa disciplina. E ainda há discursos justificando que os menos favorecidos não querem trabalhar.
O tempo não para. Fora de moda são também aqueles que não acreditam no diálogo entre diferentes gerações. Os tempos modernos abriram novas perspectivas nessas relações a ponto de permitir que se lute contra os preconceitos integrando duas ou mais gerações. Essa tendência já se manifesta positiva para todos, pois é uma maneira de trocar informações, experiências visando o fortalecimento da sociedade. Ainda há muitas piscinas cheias de ratos em Taquaritinga.
MANOEL J. PIRES
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