segunda-feira, 28 de março de 2011

Anedotário forense

Trabalhava eu em Itápolis, e naqueles anos, o Promotor Público (que depois passou a se chamar Promotor de Justiça), atendia a todos os casos, inclusive os trabalhistas. Não havia juntas trabalhistas na maioria das comarcas, e o Promotor podia propor ação trabalhista. Eu atendi, em média, 30 pessoas por dia, sendo a maioria dos casos referentes a problemas familiares. Naqueles tempos, o Promotor de Justiça dependia inteiramente do judiciário, que nos cedia telefone e funcionários. Graças a Deus, trabalhei com um Juiz nissei magnífico, dr. Jô Tatsumi, que se aposentou recentemente como desembargador.
Pois bem. Ele pôs à minha disposição os funcionários do fórum, para fazer a triagem do público que eu iria atender, para evitar bêbados e loucos (que adoram fórum, não sei porque). Um dos funcionários, meu amigo até hoje, se chama José Boralli. Ele vivia mal com a 1.ª mulher e mesmo com a minha interferência, não consegui reconciliação. Numa tarde, atendendo ao público, viu um homem de seus trinta e poucos anos chorando, aguardando ser atendido. Tinha o apelido de “Andorinha”. O José Boralli perguntou a ele o motivo do choro e porque queria ser atendido pelo Promotor.
O reclamante disse que havia sido abandonado pela mulher, era apaixonado por ela e precisava falar com o Promotor. O José Boralli disse a ele: “Você viu quantas pessoas o doutor vai atender hoje? São duas salas cheias de gente. Se seu problema é porque sua mulher foi embora, vamos fazer o seguinte: eu te dou meu endereço, você pega minha mulher, vai embora com ela e fica tudo resolvido”. Se alguém duvidar, José Boralli, meu grande amigo, está vivo até hoje em Itápolis, aposentado. Foi uma das maiores “figurinhas” que eu conheci.
FLANS

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