quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Deu bode

A história narrada hoje aconteceu em 1958, lá no meu bairro Farvest. Quem me falou sobre esse acontecimento é um leitor amigo, assinante do Nosso Jornal há muitos anos.
Na Rua Visconde do Rio Branco, bem pertinho do Cine São Benedito, havia uma quitanda. No corredor ao lado dos fundos do estabelecimento funcionava uma banca que explorava o jogo do bicho.
Ali frequentava muita gente, e o jogo corria solto todos os dias. Atendendo a uma denúncia anônima, a polícia chegou até a jogatina. O delegado entrou no local, cruzou os braços e, em silêncio, ficou “filmando” todo o movimento. Ninguém desconfiou, o pessoal achava ser mais um apostador que ali chegava para tentar a sorte.
Um homem já bem idoso esperava na fila para fazer sua aposta. O velho estava sem palpites naquele dia e perguntou para o delegado:
– Que bicho vai dar hoje, meu amigo.
Soltando fogo pelas ventas, o policial gritou:
– Hoje vai dar cadeia, vovô. Não sabe que jogar no bicho é ilegal. Tá todo mundo em cana.
Todos foram parar na delegacia, onde foram enquadrados no artigo 50 da Lei de Contravenções Penais. De todos os apostadores, somente o velhinho foi dispensado, em razão da idade avançada. Aquele senhor jamais esperava pedir palpites justamente pa-ra o xerife da cidade.
Angelo Bartholomeu, o Angelim, é cabeleireiro e gosta de ouvir e contar causos.

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