terça-feira, 17 de agosto de 2010

GABRIEL NO CINEMA


Gabriel Miziara é o protagonista de Espadas de Papel, filme sobre a ditadura

O ator taquaritinguense Gabriel Miziara, de 32 anos, é o protagonista do filme Espadas de Papel, o primeiro longa-metragem de ficção do diretor Renato Tapajós, cineasta premiado, que tem em sua trajetória muitos documentários. Apesar de ser jovem, o ator já é tarimbado nos palcos e agora interpreta o papel principal.
O filme é sobre a ditadura militar. Experiente no teatro, Gabriel viverá Rodrigo, militante da Ala Vermelha que foi preso e torturado pela Operação Bandeirante (Oban) e depois no Departamento de Ordem Política e Social (Deops). A história se passa em 1969, em pleno recrudescimento do regime.
A Oban foi um centro de informações, investigações e torturas montado pelo Exército do Brasil em 1969, que a coordenava e integrava as ações dos órgãos de combate às organizações armadas de esquerda que tinham por objetivo confrontar o regime militar que vigorava desde 1964 no Brasil.
As gravações foram concluídas no domingo (8), um mês depois de ini-ciadas. Os primeiros três dias de filmagem foram reservados às cenas de tortura. O lançamento está previsto para o segundo semestre do ano que vem. “Gravávamos durante 12 horas por dia, trabalhamos muito. Fazíamos, em média, de duas a três cenas por dia. Tivemos cenas que duraram um dia e meio, como a em que me penduravam e torturavam no pau-de-arara. Por isso digo sempre: cinema é a arte de esperar”, contou ele em entrevista exclusiva ao NJ.
O ator tem o teatro como sua grande paixão. “O teatro, podemos dizer que é o instante. Aquele espetáculo que o público vê naquela noite é único, aconteceu ali, com aquelas pessoas. Nós atores temos como instrumento de trabalho nosso ofí- cio, nosso corpo, nosso aparelho psicofísico, portanto, o dia influencia diretamente o trabalho que será feito à noite”, afirmou.
Durante sua empreitada como ator, Gabriel já trabalhou com alguns artistas brasileiros renomados – Ligia Cortez, Cristina Mutarelli, Débora Duboc, Marcelo Médici, Cauã Reymond, entre outros tantos.
No ano passado, o ator interpretou seu primeiro papel na televisão, participando do elenco de “Vende-se Um Véu de Noiva”, novela do SBT adaptada por Iris Abravanel, baseada na obra homônima de Janete Clair, com direção geral de Del Rangel. Na primeira fase da novela, Gabriel era o mordomo de Eunice (Samantha Dalsoglio). Na segunda fase, os atores mudaram para marcar a passagem de tempo – 28 anos. O mordomo, que era interpretado por Gabriel Miziara, passou a ser vivido por Ariel Moshe. A novela foi escrita na década de 60, para a Rádio Nacional.
Para Gabriel, fazer novela é deli-cioso, só que muito rápido. São de 15 a 20 cenas gravadas por dia. “O cinema e o teatro são parecidos na questão de serem artesanais – tudo demora mais para acontecer. Novela é uma delícia”, explicou ele, que é o irmão mais novo de Lívia e Anelisa. O pai, Sérgio, morreu quando o filho tinha 16 anos.
Para completar os dez anos de existência da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico, o próximo trabalho do ator será nos palcos. É uma comédia de William Shakespeare chamada “Do Jeito Que Você Gosta”, que estreará na capital paulista.
Há 13 anos o ator deixou Taquaritinga, mas ele tem uma grande consideração pela cidade. “Eu tenho um profundo carinho por Taquaritinga e vou dar meus parabéns pelos seus 118 anos de emancipação. Embora eu vá muito pouco por causa do meu trabalho, o meu coração sempre ronda a Rua Clineu Braga de Magalhães, onde passei a minha infância e o começo de adolescência”, comentou
A “mãe coruja” de Gabriel, a professora aposentada Sylvia Miziara, acrescenta que o filho está colhendo os frutos que plantou. “Ele é perseverante naquilo que faz. Logo que saiu da escola, já foi para São Paulo fazer artes cênicas, tudo o que ele sonhava. Hoje vemos como ele está bem.”
Gabriel encerrou a entrevista dizendo: “Eu faço o que eu amo, e quando a gente ama o que se faz, o trabalho não é trabalho, é diversão”.
Natalia Galati

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