segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A construção de uma carreira

Há 18 anos, a taquaritinguense Luciana Ferrarezi entrou na Etec
como estagiária e agora acaba de assumir como diretora da Fatec


Na segunda-feira (2), a professora Luciana Aparecida Ferrarezi despachava como diretora da Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Taquaritinga. O primeiro dia no cargo também foi preenchido com ações, preparadas por ela, para recepcionar os calouros, em três períodos. Não demonstrava sinais de cansaço nem falta de entrosamento com as coisas da instituição. Luciana trabalha lá desde o começo.
Impossível para ela não lembrar dos primeiros dias. Há 20 anos, ela ingressava na Escola Técnica Estadual (Etec) Dr. Adail Nunes da Silva como aluna do curso noturno de processamento de dados e ensino médio. De manhã, também fazia o segundo grau na Escola Estadual Francisco Silveira Coelho. Dois anos depois, conquistaria um estágio na Etec, que lhe abriu as portas para a carreira acadêmica.
“Desde criança, escolhi ser professora. Nunca imaginei que pudesse ser diferente”, contou a nova diretora, cujo esforço comprova o axioma de que a educação tem o poder de transformar a vida e melhorar o futuro.
A construção de sua carreira acadêmica, ela tem certeza, começou no tempo em que enfrentava o barro das estradas de terra para esperar a condução que a levaria à escola. Como morava no sítio, levantava às 4 horas da madrugada e cumpria todo o trajeto da linha rural para, enfim, estar na sala de aula às 7h.
“Nunca pensei em desistir”, afirmou Luciana, um caso de vocação pelo ensino, como demonstrariam mais tarde as dificuldades para conquistar outros degraus. Em 1994, fez o curso de matemática no Centro Universitário de Araraquara graças a uma bolsa franqueada por sua madrinha e amiga, a professora Maria Hermínia Veiga.
Uma sequência de fatos positivos nunca permitiu que Luciana ficasse longe do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, mantenedor das Etecs e das Fatecs. Em 4 de janeiro de 1994, quatro dias depois do fim de seu estágio na escola, ingressou por concurso como auxiliar docente na faculdade, cargo que ocupou até 31 de julho de 2006. No dia seguinte, assumiu como professora associada nível I, na área de matemática.
Esse salto profissional foi em virtude do título de mestre em educação matemática, conquistado “a duras penas” na Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Rio Claro. Quando ingressara, em 2003, já imaginava as adversidades. Nesse mesmo ano, perderia seu pai. Filha mais velha de três irmãos e pilar financeiro da família, quase sempre tinha de optar por uma refeição frugal, de modo que não faltasse dinheiro para o ônibus que a trazia de volta a Taquaritinga.
Ao colar grau no mestrado, em 2006, Luciana viu-se obrigada a recusar o convite para seguir os estudos na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Queria ficar mais perto de casa e do trabalho. No segundo semestre, passou no programa de doutorado no Departamento de Educação Escolar da Unesp de Araraquara. No dia 30 de maio deste ano, defendeu a tese.
Mais uma vez a oportunidade bateu à porta da professora justamente no momento em que ela estava preparada. Com o título em mãos, Luciana soube da abertura das inscrições para a diretoria da unidade. Além dela, o professor Carlos Regatieri entrou na disputa. A decisão foi uma entrevista com o vice-superintendente do Ceeteps, Cesar Silva, e com o coordenador de ensino superior de graduação, Angelo Luiz Cortelazzo.
Por um tempo, a diretora vai acumular o cargo de coordenadora do curso de produção industrial, para o qual foi indicada, em lista tríplice, no mês de março. “Isso até a designação de um novo coordenador”, observou. Neste segundo semestre, trabalho é o que não vai faltar, já que o campus da Fatec de Taquaritinga vai se transformar em um canteiro de obras.
Expostos no bloco administrativo da unidade, os projetos exibem uma transformação estrutural que marcará a maior expansão desde a instalação da primeira escola supe- rior de Taquaritinga. As mudanças começam com a construção de uma portaria, de uma passarela de pedestres, do estacionamento e passam pela revitalização das ruas.
O maior benefício será na parte educacional: dois novos pavilhões serão erguidos, um destinado aos laboratórios de tecnologia da informação e outro para acomodar os equipamentos do curso de produção que ainda estão encaixotados por falta de espaço. Também será possível a instalação de um programa de pós-graduação.
Luciana afirma não se intimidar diante do volume de trabalho. Disse que a inserção da Fatec na comunidade, da cidade e da região, é um dos pontos a ser perseguido. Em sua proposta de trabalho, as parcerias com empresas do setor industrial têm espaço garantido. “Nossa Fatec é a única no Brasil que possui uma linha de montagem com robôs, importada da Alemanha.” O equipamento, usado para ensinar os alunos, custou cerca de R$ 1,8 milhão.
NILTON MORSELLI

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