segunda-feira, 19 de julho de 2010

Imperial chega aos 91 anos

O mais antigo clube associativo da cidade viveu seu tempo de glamour, com festas memoráveis

A Sala de Visitas de Taquaritinga: nenhum outro slogan coube tão bem ao Clube Imperial, pelo que ele representou para a sociedade. A votação para a presidência era tão concorrida que mobilizava a cidade quase como numa eleição municipal.
Na sábado (17), o clube de tantas tradições completou 91 anos. Como todos os grandes empreendimentos, a união de vontades está na origem de sua história. Frederico Dias Coelho, hoje nome de rua na Vila São Sebastião, se reuniu com amigos convencidos de que a cidade já merecia um clube associativo que congregasse a elite, formada por fazendeiros, comerciantes, bancários e professores. Já na década de 20, a sede social até hoje em funcionamento no centro começou a ser projetada, um prédio que seria palco de festas gramurosas, como formaturas, peças teatrais, shows de artistas de renome nacional, jantares e apresentações de orquestras.
Os bailes de debutantes constituíram um capítulo à parte. Até o ator Edson Celulari, o Guilherme da novela “Beleza Pura” (Rede Globo), passou por seu salão, dançando valsa com moças que completavam 15 anos e, reunidas, comemoravam a data com toda pompa. Eventos assim faziam a alegria das costureiras, para as quais eram encomendados os vestidos de tecidos finos e pedrarias vindas diretamente de São Paulo. Os homens só entravam envergando ternos ou fraques impecavelmente engomados.
Um pouco antes disso, no tempo do footing, lá fora moças e rapazes subiam e desciam do Imperial até a então Praça 9 de Julho (hoje Dr. Horácio Ramalho). Havia quem criticasse o clube por ser excessivamente elitista. De fato, jovens de famílais que não tivessem dinheiro suficiente para comprar um título e pagar as mensalidades ficavam de fora.
Até a década passada, essa divisão de classes era ainda mais nítida nos bailes carnavalescos. O salão do Clube Imperial e o Trio Elétrico Batatão eram territórios completamente diferentes. Com a popularização do clube, essa diferença passou a ser muito tênue. O surgimento do Batatão está ligado a essa divisão: em 1983, quem não podia atravessar a portaria famosa da Rua Marechal Deodoro se divertia de graça do lado de fora.

Sede de campo - Até meados do século passado, a Piscina do Fanisca constituía uma das poucas diversões da cidade. Mas a população, principalmente aquele seleta parcela que freqüentava o Imperial, cobrava uma sede de campo.
O empresário Osório Calil, que ocupou a presidência de 1947 a 1951, resolveu encarar o desafio. Surgia, assim, no incipiente Jardim Contendas, uma piscina com três trampolins, a maior atração do complexo que também contemplava quadras esportivas. Apesar das mudanças – para melhor –, o clube não é tão intensamente freqüentado como no passado, resultado da multiplicação de opções de diversão nos dias de hoje, quando até o videogame concorre com um clube.
A sede social segue imponente no centro da cidade recebendo eventos quase semanais. Quem a freqüentou invariavelmente tem na lembrança o primeiro beijo, porque incontáveis foram os romances iniciados nas sacadas que se debruçam sobre as Ruas Marechal Deodoro e Campos Sales. Em muitos casos, romances que duram até hoje.
O Imperial chega aos 89 anos sem a “saúde” que ostentou no passado – em 2007, parte de seu patrimônio por pouco não foi vendida em leilão para pagamento de uma dívida trabalhista. Isso só não aconteceu graças à intervenção da atual diretoria. Por sua história de glórias, seria uma pena se as gerações futuras não pudessem desfrutar de um clube que proporcionou convívio e diversão para grande parte dos moradores da cidade.
NILTON MORSELLI

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